quarta-feira, 11 de julho de 2012

Uma viagem em duas etapas - 4ªsessão

Depois de uma manhã tentando comunicar com os papéis do meu escritório e suando para organizá-los de forma facilitadora para a reunião de quinta-feira, uma tarde de formação onde a questão da comunicação foi o tema de conversa que me fez, por alguns momentos, esquecer as tardes em que comunico apenas com o João Pestana e só entro em conflito quando ele não chega. Comunicar com os meus papéis leva quase sempre a conflito comigo própria... e será que comunicar com os outros também sucede o mesmo? Os meus conflitos vivem e dormem comigo diariamente, ou seja, estão "latentemente" à espera que alguém bata à porta para eles se manifestarem gritando que também eles têm direito a ser ouvidos. E será que consigo respeitar, perceber, não concluir, devolver e obter a informação necessária de forma a minimizar/solucionar os conflitos que me podem surgir?
Durante a tarde e escutando de quando em vez, atentamente os formadores, passei por vários momentos de reflexão que me deixaram um pouco preocupada e pouco feliz por ver que a mediação de conflitos não é para todos e que me será difícil, mas não impossível, de conseguir aprender a escutar distanciando-me dos problemas e ter o pensamento limpo de todas as impurezas que nele aprenderam a habitar ao longo dos anos e sentir que essa será a única forma de solucionar o que quer que seja que me apareça para resolver. Por isso acho que tenho de me olhar ao espelho para entender o que vejo e sentir que não sou eu que estou do outro lado, mas sim alguém fora de mim que está ali para ajudar a solucionar os momentos em que se manifesta o conflito e perceber os vários/diferentes  passos que levaram a tal situação.
Amanhã, quinta-feira, estarei ausente da formação que será sobre os modos como abordamos os conflitos e as formas de os resolver. No entanto estarei numa manifestação de professores na esperança de encontrar soluções para o desaparecimento gradual da escola pública em Portugal.



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Uma viagem em duas etapas - 3

Esta 3ª sessão foi essencialmente sobre alguns dos elementos que temos de ter em consideração sempre que estamos num momento de mediação de conflitos. Focámos os aspectos sociológicos e os aspectos psicológicos dessa nossa actuação enquanto mediadores quase sempre a partir de realidades analisadas quer individualmente quer em grupo.
Relativamente aos aspectos sociológicos e após algum enquadramento teórico sobre vários conceitos que devem ser inerentes a esta tarefa de mediar, chegámos à conclusão que temos de alargar o nosso  "quadrado", ou seja, o que transportamos para todo o lado e que existe em nós e faz parte da nossa identidade. Lá voltamos novamente à questão, quem sou eu, que me persegue há muitos anos e para a qual, felizmente, já obtive algumas respostas que me poderão facilitar a entrada neste mundo novo da mediação. O nosso mundo está a mudar e para o acompanhar precisamos de amaciar as nossas emoções e sermos capazes de ter o distanciamento suficiente do conflito de forma a que tenhamos resultados positivos na resolução dos mesmos. Este processo de mediação não é veloz e a fluidez e velocidade com que nos deparamos diariamente com conflitos dentro da sala de aula que necessitam de uma actuação rápida e eficaz de forma a solucionar o problema na hora , é por vezes falível porque os nossos sentimentos, sejam eles quais forem, estão à flor da pele e consequentemente a probabilidade de errar é maior. Nós somos quem somos e o que herdámos a todos os níveis e esses factores irão naturalmente estar presentes na nossa actuação que poderá ser feliz ou não.
No que respeita aos aspectos psicológicos iniciámos a nossa viagem com o filme "A Família" de Ettore Scola e a nossa caminhada foi direccionada para os tipos de relacionamento entre os membros da família e como a sociedade afecta as relações da família nas situações mais comuns do dia a dia. Foram vários os pontos de conflito, mas o que mais me tocou foi o do não reconhecimento da identidade do outro. E porquê? Penso que é um dos nossos grandes problemas é não vermos o outro como ele é e sim como nós pensamos que seja. Ninguém se olha ao espelho e vê o outro.